Lélio Lauretti, cofundador do IBGC e ex-professor de disciplinas relacionadas à governança corporativa e ética empresarial, faleceu no dia 9 de janeiro, aos 96 anos, em São Paulo.
Lauretti atuou no IBGC desde sua fundação. Assinou a ata de constituição do instituto em novembro de 1995, ao lado de Bengt Halqvist e João Bosco Lodi, idealizadores do instituto, e de outros colegas que o acompanhariam na jornada pela governança corporativa. Foi um associado ativo e, como voluntário, integrou o conselho de administração do IBGC de 1999 a 2002 e da Comissão Ética na Governança.
Outro projeto importante que contou com sua participação foi o desenvolvimento do primeiro Código de Conduta do IBGC, em 2007, em conjunto com outros voluntários.
Lauretti formou-se em economia, fez especialização na Harvard Business School – onde conheceu Bengt Halqvist – e teve longa carreira no Banco do Brasil antes de participar da fundação do IBGC.
“Nunca falamos tanto de ética e este é um dos legados do Lélio que devemos honrar sempre. Ele foi um precursor na discussão sobre o tema e pavimentou o caminho que nos trouxe até hoje, quando passamos a ter a integridade como um dos princípios da governança corporativa”, disse Valeria Café, diretora geral do IBGC.
Conhecido pelo carisma e por um pensamento voltado para o futuro e sem nostalgias, Lauretti foi entrevistado pelo Blog IBGC em maio de 2019, quando estava com 91 anos, mantinha uma agenda lotada de compromissos e preparava para lançar mais umlivro. A vitalidade, disse na ocasião, era resultado de atividade intensa, tanto física quanto mental. E seu olhar sempre se voltou para o futuro.
“Até aqui caprichamos na gestão empresarial, com as companhias melhorando seus níveis de produtividade, eficiência e rentabilidade. Agora, as empresas se posicionam como fator de peso de mudança da sociedade”, disse.
Em outro trecho, quando perguntado se o futuro da governança corporativa envolvia mudanças, afirmou: “Em um mundo interconectado, em processo de mudanças tecnológicas e de reequilíbrio de forças políticas e econômicas mundiais, os riscos se multiplicaram para o infinito. Não se preocupar com governança corporativa é um risco para as empresas. A governança garante segurança, controle e avaliação, fatores essenciais para a manutenção dos negócios. No capitalismo do século 21, a empresa precisa perceber que não há conflito entre o interesse econômico e o interesse social”.