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Pacotes “walk-away”, SUAS cifras bilionárias e NOSSOS planos de austeridade

O site da GMI divulgou lista com 21 CEOs mais bem aposentados da última década. Jack Welch, ex-CEO da General Eletric lidera a lista, com um pacote de aposentadoria que ultrapassava os US$ 400 milhões. Após se aposentar em 2002, o ex-presidente da GE passou a ganhar US$ 2,5 milhões por ano, que incluíam aluguel em Manhattan, cadeiras cativas em jogos de basquete, tênis e baseball, além de serviços de segurança e contas de restaurantes. O caso ganhou repercussão devido a um processo de divórcio que o forçou a revelar a quantia. Após o escândalo, Welch abriu mão do pacote, deixando claro que, a partir dali, só receberia o tradicional apoio administrativo firmado por contrato. No entanto, esse “apoio” chegava a US$ 417 milhões, ultrapassando a quantia do pacote de aposentadoria e compreendia ações da empresa e uma pensão vitalícia de US$ 9 milhões por ano. Entre os 21 CEOs apontados pela GMI, quatro atuavam em companhias do setor financeiro e quatro na área da saúde. Juntos, esses ex-executivos embolsaram quase US$ 4 bilhões nos chamados pacotes “walk-away”. Enquanto isso, boa parte do mundo se prepara para a implementação de planos de austeridade, cortando gatos com a previdência e aumentando a idade mínima da aposentadoria. Mas isso é só um assunto NOSSO, reles mortais! Confira a lista dos 21 ex-executivos mais bem remunerados. Leia também: O network capitalista que gira o mundo e a necessária governança corporativa como garantia da saúde do mundo capitalista

O network capitalista que gira o mundo e a necessária governança corporativa como garantia da saúde do mundo capitalista

Pela importância política e econômica das grandes corporações, na primeira década do século XXI, novas estruturas de poder começam a aparecer necessitando de um cuidadoso acompanhamento por toda a sociedade. Em outubro de 2011, a revista científica New Scientist lançou um artigo intitulado “Revelação: O network capitalista que gira o mundo”, analisando o relacionamento entre 43 mil empresas transnacionais. O levantamento identificou um grupo extremamente pequeno de 147 companhias, com desproporcional poder de influência e controle sobre a economia global. Baseado no estudo lançado pela Swiss Federal Institute of Tecnology de Zurique “The network of global corporate control”, a publicação esboçou o que seria a primeira versão de uma nova e gigantesca arquitetura internacional de conexão desenvolvida entre as companhias transnacionais, através do relacionamento acionário. A conclusão foi a de que apenas 1.318 das 43 mil empresas transnacionais, são responsáveis por ditar os rumos da economia. Além disso, essa pequena parte está interconectada e superconectada pela forma de gravata borboleta (bow-tie), isto é, muitos nós controlados por um pequeno número de instituições financeiras. Isso quer dizer que a nova topografia do poder econômico global está baseada em super corporações interconectadas, cujo crescimento influencia, inevitavelmente, a geopolítica e direciona fluxos da economia mundial. A ordem criminosa do mundo Aproveitando a deixa vai aí uma dica para assistir o documentário “A ordem criminosa do mundo”, exibido em novembro de 2008, pela TVE (Espanha). Eduardo Galeano, Jean Ziegler, Héctor Mondragón, José Callado, Angel Ularan, William Gutman, Aminata Traorê, Baltazar Garzón e Ernesto Sábato falam sobre a

Dez anos de Enron: importância e deficiências

Excelente artigo[1] do professor doutor da FEA/USP, Alexandre Di Miceli, chama atenção para a necessidade de se compreender a fraude contábil da Enron como uma consequência dos problemas relacionados à gestão da companhia e ao seu relacionamento com os agentes do mercado americano. O caso Enron, como ficou conhecido, tornou-se um dos exemplos mais emblemáticos de fraude e crise de confiança enfrentada pelos EUA desde 1929. A gigante americana do setor de energia pediu concordata em dezembro de 2001, após ser alvo de uma série de denúncias de fraudes contábeis e fiscais. Segundo investigações federais, a Enron criou parcerias com empresas e bancos que permitiram manipular o balanço financeiro, escondendo débitos e inflando artificialmente os lucros da empresa. Esta conivência contou com o apoio de bancos de investimentos, diretores, executivos, acionistas, contadores, escritórios de advocacia, e até mesmo, da “conceituada” empresa de auditoria Arthur Andersen, que prestava serviços a Enron. Com o objetivo de analisar este imbricado episódio, Di Miceli ressaltou em seu artigo, a importância do processo de Governança Corporativa mundial, além de apontar inúmeras deficiências na gestão desta empresa, que relacionamos a seguir: Importância emblemática da Enron Grande repercussão pelo porte da companhia: era a 7ª empresa norte-americana em receita, considerada modelo de sucesso pelos principais especialistas de mercado; Foi o estopim para os problemas de governança em outras empresas norte-americanas e europeias como: WorldCom, Tyco, Parmalat e Royal Ahold; Contribuiu para a aprovação da lei Sarbanes Oxley[2] com impactos em companhias de todo o mundo, aumentando as discussões, e evidenciando

O dono e seus princípios: a marca e a credibilidade da empresa

“Perca dinheiro pela empresa, e serei compreensível; perca um pedacinho da reputação da empresa, e serei impiedoso.” A frase acima foi dita por Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo, durante Assembleia Geral da Berkshire Hathaway, realizada em maio de 2011. Como diretor e fundador da companhia e atual presidente do Conselho de Administração, o homem que construiu sua fortuna “comprando príncipes pelo preço de sapos”, evidenciou seu desapontamento com a demissão de seu braço direito, o executivo-chefe David Sokol, envolvido em um caso de “insider trading”[1]. A trajetória de Buffett, forjada durante mais de cinco décadas, lhe deu a fama de alcunha de oráculo como investidor norte-americano. Suas apostas certeiras ao investir em companhias dos mais variados setores fizeram dele um dos homens mais admirados e ricos do planeta. Mestre do bom senso e detentor de fortes princípios, raras vezes tropeçou e, quando isso aconteceu, encontrou rapidamente uma forma de se reerguer. Com 80 anos de idade, dono de uma fortuna avaliada em 50 bilhões de dólares, afirmou que os códigos de ética da Berkshire Hathaway serão revistos, e se for o caso, modificados. Esta atitude veio em decorrência do imbróglio causado por David Sokol executivo-chefe da organização, demitido após ter embolsado US$3 milhões com a venda de ações de uma empresa do setor químico, que comprara dias antes de convencer Buffett a investir na companhia. “Inexplicável e Indesculpável”, afirmou o megainvestidor, após o estouro do escândalo. Este episódio evidencia, ao menos, duas graves falhas na condução dos negócios de

Desastre da BP coloca acionistas em alerta

O acidente na plataforma “Deepwater Horizon”, que explodiu a 80 km da costa dos Estados Unidos, provocando a pior catástrofe ambiental da história do país, matando 11 trabalhadores e prejudicando milhares de pessoas que perderam seus meios de vida depois do desastre, tem desencadeado uma onda de preocupação nos investidores quanto às questões ambientais, sociais e de governança das empresas. Após o desastre, os papéis da BP já caíram 45%, o que equivale a uma perda de valor no mercado próximo a US$ 85 bilhões. Para piorar, a BP suspendeu os dividendos previstos para este ano, o que significa um sofrimento ainda maior para os acionistas. Para Michael Passoff, diretor sênior do Programa de Responsabilidade Social Empresarial, da organização de defesa dos direitos dos acionistas As You Sow, em San Francisco, antes mesmo da explosão da plataforma da BP, as questões referentes à sustentabilidade ambiental já começavam a atrair maior atenção dos investidores. “Os investidores estão vendo que práticas ambientais influenciam seu resultado financeiro. Está começando a ser aceito de forma mais comum”, afirma. Já Robert Graham, fundador da Jenner & Block, banca de advocacia especializada em legislação ambiental vê como exemplo dessa mudança de consciência a maior receptividade da Securities and Exchange Commission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) em exigir mais informações sobre várias questões relacionadas às mudanças climáticas. No passado, os pedidos a favor da divulgação de riscos tendiam a ser vistos como hipotéticos. Com o desastre no Golfo do México, Graham prevê que os pedidos por essas

A maré negra da comunicação da BP diante da crise no golfo do México

A maré negra que atingiu desde o dia 20 de abril, a região do golfo do México e agora respinga sobre o CEO da petroleira britânica BP, antiga British Petroleum é um exemplo de como comunicação corporativa ainda é mal empregada em momentos de crise. O acidente na plataforma “Deepwater Horizon”, que explodiu a 80 km da costa dos Estados Unidos, provocando a pior catástrofe ambiental da história do país, matando 11 trabalhadores e prejudicando milhares de pessoas que perderam seus meios de vida depois do desastre, mostra como as empresas continuam a conviver com os autoenganos do “conosco nunca irá acontecer” ou então do “está tudo sob controle”. Pouco depois do vazamento, ainda no mês de abril, Hayward que é CEO da BP desde 2007, disse que o desastre teria um efeito ambiental limitado. No final de maio, com a catástrofe mais do que confirmada, Hayward afirmou que a situação estava sob controle. Já ontem, 17 de junho, Tony Hayward iniciou seu discurso no Congresso norte-americano pedindo desculpas. “Peço imensa desculpa pela explosão e pelo derrame. Ninguém sabe porque é que isto aconteceu, mas a BP vai fazer tudo o que está ao seu alcance para que um desastre destes não volte a se repetir”, afirmou. A lentidão no processo de gerenciamento de crise e a falta de transparência informacional com que a BP tem tratado o desastre só demonstram o despreparo de seus líderes empresariais diante de situações de crise. Estar preparada é estar constantemente se preparando e, principalmente, aprendendo com