A maré negra da comunicação da BP diante da crise no golfo do México

 Mancha de óleo no Golfo do México (Foto: Eric Gay/AP)
Mancha de óleo no Golfo do México (Foto: Eric Gay/AP)

A maré negra que atingiu desde o dia 20 de abril, a região do golfo do México e agora respinga sobre o CEO da petroleira britânica BP, antiga British Petroleum é um exemplo de como comunicação corporativa ainda é mal empregada em momentos de crise.

O acidente na plataforma “Deepwater Horizon”, que explodiu a 80 km da costa dos Estados Unidos, provocando a pior catástrofe ambiental da história do país, matando 11 trabalhadores e prejudicando milhares de pessoas que perderam seus meios de vida depois do desastre, mostra como as empresas continuam a conviver com os autoenganos do “conosco nunca irá acontecer” ou então do “está tudo sob controle”.

Pouco depois do vazamento, ainda no mês de abril, Hayward que é CEO da BP desde 2007, disse que o desastre teria um efeito ambiental limitado. No final de maio, com a catástrofe mais do que confirmada, Hayward afirmou que a situação estava sob controle. Já ontem, 17 de junho, Tony Hayward iniciou seu discurso no Congresso norte-americano pedindo desculpas. “Peço imensa desculpa pela explosão e pelo derrame. Ninguém sabe porque é que isto aconteceu, mas a BP vai fazer tudo o que está ao seu alcance para que um desastre destes não volte a se repetir”, afirmou.

A lentidão no processo de gerenciamento de crise e a falta de transparência informacional com que a BP tem tratado o desastre só demonstram o despreparo de seus líderes empresariais diante de situações de crise. Estar preparada é estar constantemente se preparando e, principalmente, aprendendo com os próprios erros. Pois toda e qualquer empresa está sujeita a uma crise. As crises podem trazer consigo fenômenos incontroláveis, independentes a elas, os quais sofrem mutações com o passar dos dias, do envolvimento das pessoas e da intensidade do evento.

Atitudes proativas e transparentes são dois princípios necessários e capazes de lidar com os momentos críticos. Promover uma constante divulgação da informações seria o terceiro. Informar é uma das funções mais relevantes da governança corporativa. Quando as informações não chegam aos stakeholders, ou chegam de forma inadequada, a tendência é de penalização, como fizeram ontem os deputados americanos com o CEO da PB.

“Prometo, como chefe da BP, que não descansaremos até solucionar isto”, acrescentou Hayward, enquanto o vazamento continua liberando no mar entre 30 mil e 60 mil barris (de 4,8 a 9,5 milhões de litros) diários de petróleo no Golfo do México. Deste total, a BP recupera 15 mil barris por dia e espera alcançar os 28 mil no começo da próxima semana.

Na quarta-feira, dia 16 de junho, Hayward e o presidente da empresa, Carl-Henric Svanberg, se reuniram na Casa Branca com o presidente Barack Obama. Os dois acertaram destinar US$ 20 bilhões a uma conta para indenizar as vítimas da maré negra.

Mas o estrago já está feito. Agora a empresa terá muito mais trabalho para promover uma imagem positiva e reconquistar a credibilidade e a confiança do seu público. Situação como esta seria atenuada se a empresa tivesse optado por uma postura que desde o início fosse mais proativa, responsável e transparente.

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