Governança reduz custo de capital das empresas

Segundo estudo elaborado pelo professor Alexandre Espírito Santo, diretor do curso de Relações Internacionais da ESPM-RJ, a adoção de boas práticas de governança corporativa reflete na redução de custo de capital para as empresas. “Os trabalhos sobre governança corporativa sempre seguem a linha de mostrar o quanto ela faz bem para a empresa, mas é difícil ver algo que confirme Segundo estudo elaborado pelo professor Alexandre Espírito Santo, diretor do curso de Relações Internacionais da ESPM-RJ, a adoção de boas práticas de governança corporativa reflete na redução de custo de capital para as empresas. “Os trabalhos sobre governança corporativa sempre seguem a linha de mostrar o quanto ela faz bem para a empresa, mas é difícil ver algo que confirme isso de maneira empírica, com números”, explica.

Para chegar a essa conclusão, o professor selecionou a Net para avaliar os dados abrangendo as taxas de juros sobre o custo de capital de terceiros da empresa de 1999 até 2007. Analisou ainda outras variáveis, como a taxa de juros de longo prazo (TJLP), cobrada nas linhas de crédito do governo, e o retorno das ações em relação ao Ibovespa. A escolha da Net ocorreu porque o autor queria selecionar uma empresa do setor de serviços, com ações negociadas na bolsa e integrante do Ibovespa. Segundo Espírito Santo, a decisão de avaliar os dados até 2007 se deve à crise de 2008, que elevou o custo de capital para todas as empresas e, portanto, poderiam distorcer o resultado.

O estudo revela que, após aderir ao Nível 1 de governança corporativa, ainda como Globo Cabo em junho de 2001 e, um ano depois, ao Nível 2, a Net registrou uma redução considerável do custo de seu endividamento, aumentando a avaliação (“valuation”) da companhia no mercado. No quarto trimestre de 1999, por exemplo, o custo de capital da empresa era de 86,80%. Já no segundo trimestre de 2002, esse custo caiu para 36,50%, subindo para 63,90% nos primeiros três meses de 2003. A partir daí, o custo de capital da Net veio caindo, até atingir 9,30% no quarto trimestre de 2007.

Isso significa, de acordo com o professor, que, em períodos de normalidade macroeconômica, “as empresas que fazem uso dos critérios de governança tendem a ser premiadas pelos investidores com menores custos de endividamento.” Isso, por consequência, reduz o custo médio do capital da empresa – o chamado WACC, sigla para Weighted Average Cost of Capital -, aumentando o valor da empresa.

Apesar de o professor ter ficado restrito ao caso Net em sua tese, ele também pesquisou o efeito da governança corporativa sobre outras empresas, como Cemig, Celesc e Brasil Telecom. “Em todas, há a mesma tendência”, diz. “Todas possuem essa característica de serviços e a provável maior dificuldade de captar”, diz. Ele observa, porém, que as empresas de energia apresentam menor queda de custos, “talvez pelo fato de serem estatais”.

Via Valor Online
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