Categoria: Artigos

Governança Corporativa em empresas familiares

A importância da estrutura de Governança Corporativa em empresas familiares. Texto produzido por Adriana Solé a pedido do IDMC  de acordo com o link: http://www.idmc.org.br/pt-br/noticia/governanca-corporativa-e-tema-do-3o-modulo-elite-brasil/ Partindo do princípio de que Governança Corporativa é o sistema pelo qual as empresas são direcionadas, monitoradas e incentivadas para garantir o retorno esperado aos seus donos, a harmonização dos interesses de outras partes interessadas e a sua perpetuidade, um processo que respeite o ciclo de vida, a visão e missão da empresa e coloque ordem na casa é fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento. A governança existe para garantir os negócios ao longo do tempo, independentemente das mãos de quem estiver. Na realidade, a estrutura de governança em empresas familiares educa os grupos empresários a tratar a empresa como empresa, a família como família e a propriedade com respeito, não desconsiderando as íntimas relações entre todos estes atores. E isso não é nada fácil! A partir do momento que o dono começa a estruturar ou organizar a Propriedade, o primeiro aspecto de Governança, ou seja, o capital social dos seus negócios, ele provoca inicialmente um grande desconforto na família e sócios forçando todos os participantes a entender os critérios que precisam ser levados em conta para a preservação dos negócios. Isto significa muitas vezes a ter que se estruturar tanto um acordo de acionistas que defenda entre outros aspectos, a empresa das demandas por liquidez das famílias e sócios, como também um protocolo familiar, focado no processo sucessório dos negócios com ou sem a participação de familiares

“Super Share”: o discreto e explosivo  avanço na Governança Pública brasileira

 No último biênio, avanços consideráveis e com consequências muito positivas  para o mercado de capitais brasileiro  ocorreram. Do lado corporativo assistimos , com a retomada de aspectos importantes na economia, a volta do interesse no nosso mercado de capitais na atração de um número maior de investidores e com muitas empresas se preparando para acessar outras fontes de financiamento que não apenas as derivadas do sistema financeiro. Do lado do setor público, iniciativas importantes tambem foram feitas no sentido de moralizar estruturas e políticas de nossas empresas e instituições públicas. As expectativas do mercado são bem positivas para os próximos anos considerando a manutenção do curso atual da economia. Pontuo especialmente neste artigo, a importância do lançamento do decreto 9.203 de novembro de 2017 e alguns detalhes nas exigências da Lei 13.303 de junho de 2016 , conhecida como a Lei das Estatais, ou a  Lei da  Governança nas empresas públicas e nas sociedades de economia mista que me parecem bem relevantes. O decreto  9.203/2017 , dispõe sobre a política de governança da administração pública federal direta autárquica e fundacional, e instituiu o Comitê Interministerial de Governança – CIG com a finalidade de assessorar o Presidente da República na condução desta política. Este Comitê é composto pelo Ministro da Casa Civil como seu coordenador , e pelos Ministros da Fazenda, Ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, e do Ministro da Transparência.  Tem como atribuição principal propor medidas , mecanismos e políticas que atendam aos princípios da Governança Pública definidos neste documento como: Capacidade

Compliance e a responsabilização dos administradores

Fato é fato! Depois de três anos de lançamento da Lei anticorrupção, (Lei 12.846, de 1 de agosto de 2013) que dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, a questão “compliance’ na maioria das empresas brasileiras parece estar ainda só no discurso, ou se existe, não tem funcionado bem na prática.

A evolução dos códigos de conduta

Introdução Consideramos os códigos de conduta como uma “ponte” entre a Ética e as empresas.  Para justificar nossa posição, vamos partir da ideia de que as empresas podem ser vistas sob 3 ângulos: 1 – o perfil corporativo 2 – a identidade organizacional 3 – a cultura corporativa.          O primeiro – perfil corporativo – é uma espécie de retrato de corpo inteiro, apresentando dados relativos à fundação, objeto social, controle acionário, número de funcionários, filiais no país e no exterior, posição nos mercados em que atúa, número de clientes, principais indicadores operacionais e econômico-financeiros etc.; O segundo – identidade organizacional – está espelhado na Declaração de “Missão, Visão e Valores”, cuja estrutura básica deve ser uma exposição bastante objetiva e concisa dos seguintes pontos: Missão – maneira pela qual a atividade da empresa ou organização está contribuindo para melhoria da qualidade de vida da sociedade; Visão –  síntese do planejamento estratégico, ou seja, aonde a empresa quer chegar; Valores – fatores que permitem à organização  alcançar sua visão e cumprir sua missão.   Não se cuida, aqui, de princípios éticos, como integridade, transparência, responsabilidade social etc., que se referem à “cultura”,  mas dos “fortes” da organização, como tradição no mercado, força da marca,  qualidade dos produtos, rede de distribuição, motivação do pessoal, desenvolvimento tecnológico, bom atendimento aos clientes e assim por diante.          O terceiro ângulo – cultura corporativa – tem tudo a ver com Ética, porque envolve, basicamente, o nível de confiança, de respeito e solidariedade que permeia as relações internas e

O impacto na Gestão de Ativos da Governança Corporativa

Ultimo artigo escrito por Adriana enviado para o 30 Congresso Abraman. OS IMPACTOS NA GESTAO DE ATIVOS DA GOVERNANCA CORPORATIVA Adriana de Andrade Sole (1) Joao Esmeraldo da Silva (2) RESUMO Um dos fundamentos da norma NBR ISO 55000 determina que e necessario promover a aderencia e a integracao do Sistema de Gestao de ativos (SGA) com os processos de Governanca Corporativa (GC). Este artigo apresenta uma correlacao direta dos principios da Gestao de ativos (GA) com os da Governanca Corporativa (GC). O proposito e tecer o pano de fundo estrategico que deve ser considerado, em qualquer tipo de empreendimento, para conciliar os interesses dos proprietarios ou acionistas (shareholders) com os das partes interessadas (stakeholders). A ideia e contribuir com um guia para aqueles gestores que pretendem construir e implementar um robusto sistema de Gestao de Ativos, alinhado com os 8Ps da Governanca Corporativa. O principal ponto de interseccao da GA com a GC e o principio da geracao de valor para a organizacao de maneira que atenda, harmoniosamente, as expectativas das diferentes partes interessadas no negocio; porem, em conformidade com as reais potencialidades de cada tipo de ativo, em suas diferentes fases do ciclo do ativo. A correlacao dos 8Ps da Governanca Corporativa (propriedade, principios, propositos, papeis, poder, praticas, pessoas e perenidade) com a Gestao de Ativos foi feita por meio de uma detalhada analise com o proposito de demonstrar que existe uma ¡§forte¡¨ aderencia entre os processos de Governanca Corporativa e a Gestao de Ativos. Essa correlacao propicia a criacao de

Percepção da corrupção mundial, Jabor e Constantino

Ultima pesquisa: Score em 100 Países mais transparentes , menos corruptos, mais “limpos”: Dinamarca- 92/100 Nova Zelândia- 91/100 Países mais corruptos: Coréia do Norte- 8/100 Somália- 8/100 BRICS Africa do Sul- 44/100 Brasil- 43/100 India- 38/100 China- 36/100 Russia- 27/100 AMERICA DO SUL: Chile-73/100 Colombia- 37/100 México-35/100 Argentina-34/100 Venezuela-19/100 Arnaldo Jabor , no segundo caderno,página 8 do jornal O GLOBO 9/12/2014:A vaca foi para o brejo? Diz Jabor:  […]O desgoverno, os crimes sem solução, a corrupção escancarada deixam de ser desvios da norma e vão criando uma nova cultura: a “normalização” da ignomínia; por trás do crime e da corrupção, consolida-se a cultura da mentira, do bolivarianismo, da preguiça incompetente e da irresponsabilidade pública.[…] É difícil botar a pasta de dente para dentro do tubo. Há uma retroalimentação da esculhambação generalizada que vai destruindo as formas de combatê-la. Tecnicamente não estamos equipados para resolver as deformações que se acumulam como enchentes, como um rio sem foz. O Brasil está sofrendo uma mutação gravíssima, e nossas cabeças, também. Sempre ouvimos que o Brasil estaria à beira do abismo; será que já caímos nele? Será que a vaca já foi para o brejo? Ponto de vista que reflete o sentimento de muita gente inclusive o meu, mas prefiro acreditar no interessante contra ponto de Rodrigo Constantino através do artigo veiculado no site da revista Veja também do dia 09/12/2014:A vaca ainda não foi pro brejo, mas está quase lá… http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/corrupcao/a-vaca-ainda-nao-foi-pro-brejo-mas-esta-quase-la/  Diz Rodrigo:  […]O zeitgeist é esse mesmo, não dá para negar. Mas creio que ainda podemos responder a pergunta de

O voo de galinha da governança do Estado brasileiro

Voo de galinha é uma expressão muito utilizada pelo professor da Fundação Dom Cabral e meu parceiro no livro Governança Corporativa, José Paschoal Rossetti, para descrever a dinâmica de evolução da economia brasileira em suas aulas . Tomo a liberdade aqui de utilizar tanto a expressão quanto o sentido para analisar a Governança de Estado Brasileiro, segundo os últimos dados divulgados pelo Banco Mundial. A cada dois anos, sob a coordenação do pesquisador Daniel Kaufmann, o Banco Mundial disponibiliza a pesquisa sobre a Governança dos Estados Nação, medindo seis indicadores:  1. Liberdade de voz e voto, poder da opinião pública e prestação de contas a sociedade; 2. Estabilidade política e das Instituições;  3. Efetividade do Governo;  4.Qualidade do ambiente regulatório;  5. Aplicação efetiva das leis – enforcement x impunidade; e  6. Controle da corrupção, em todas as suas manifestações. Na tabela abaixo, correlacionamos os seis indicadores com a média dos países OCDE, países da América Latina e Brasil, de acordo com a última pesquisa realizada e divulgada em 2013. A média brasileira é a menor. COMPARATIVO  BRASIL , PAÍSES LATINOS e OCDE 2013 Na tabela seguinte é possível constatar pela evolução dos nossos índices o chamado “voo de galinha”. Observem que voltamos em 2013 aos índices de 2002.  Engatamos, mas não seguramos o tranco, infelizmente. EVOLUÇÃO DOS ÍNDICES DE GOVERNANÇA DO ESTADO NO BRASIL Fonte: WORLD BANK INSTITUTE: http://info.worldbank.org/governance/wgi/index.aspx#home