Comunicado final da cúpula do G20, que encerrou dia 27 de junho, revela a ausência de articulação entre os representantes das principais economias do planeta para definir os passos necessários para assegurar a continuidade do crescimento global. Ainda que seus representantes tenham tentado manter as aparências, não conseguiram deixar de passar a impressão de que será difícil manter o mesmo grau de coordenação entre os países. Os cálculos políticos são feitos em âmbito nacional e as nações têm perspectivas distintas sobre como a economia mundial deveria funcionar. A atual governança global, ao que tudo indica, parece ainda não estar pronta para dar conta desses novos desafios. Por ora, o G20 é o primeiro passo de um longo e difícil caminho em direção a uma nova governança. Leia também: Sem acordo global na Conferência do Clima (COP-15), empresas brasileiras anunciam metas próprias para reduzir carbono
O acidente na plataforma “Deepwater Horizon”, que explodiu a 80 km da costa dos Estados Unidos, provocando a pior catástrofe ambiental da história do país, matando 11 trabalhadores e prejudicando milhares de pessoas que perderam seus meios de vida depois do desastre, tem desencadeado uma onda de preocupação nos investidores quanto às questões ambientais, sociais e de governança das empresas. Após o desastre, os papéis da BP já caíram 45%, o que equivale a uma perda de valor no mercado próximo a US$ 85 bilhões. Para piorar, a BP suspendeu os dividendos previstos para este ano, o que significa um sofrimento ainda maior para os acionistas. Para Michael Passoff, diretor sênior do Programa de Responsabilidade Social Empresarial, da organização de defesa dos direitos dos acionistas As You Sow, em San Francisco, antes mesmo da explosão da plataforma da BP, as questões referentes à sustentabilidade ambiental já começavam a atrair maior atenção dos investidores. “Os investidores estão vendo que práticas ambientais influenciam seu resultado financeiro. Está começando a ser aceito de forma mais comum”, afirma. Já Robert Graham, fundador da Jenner & Block, banca de advocacia especializada em legislação ambiental vê como exemplo dessa mudança de consciência a maior receptividade da Securities and Exchange Commission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) em exigir mais informações sobre várias questões relacionadas às mudanças climáticas. No passado, os pedidos a favor da divulgação de riscos tendiam a ser vistos como hipotéticos. Com o desastre no Golfo do México, Graham prevê que os pedidos por essas
Segundo estudo elaborado pelo professor Alexandre Espírito Santo, diretor do curso de Relações Internacionais da ESPM-RJ, a adoção de boas práticas de governança corporativa reflete na redução de custo de capital para as empresas. “Os trabalhos sobre governança corporativa sempre seguem a linha de mostrar o quanto ela faz bem para a empresa, mas é difícil ver algo que confirme Segundo estudo elaborado pelo professor Alexandre Espírito Santo, diretor do curso de Relações Internacionais da ESPM-RJ, a adoção de boas práticas de governança corporativa reflete na redução de custo de capital para as empresas. “Os trabalhos sobre governança corporativa sempre seguem a linha de mostrar o quanto ela faz bem para a empresa, mas é difícil ver algo que confirme isso de maneira empírica, com números”, explica. Para chegar a essa conclusão, o professor selecionou a Net para avaliar os dados abrangendo as taxas de juros sobre o custo de capital de terceiros da empresa de 1999 até 2007. Analisou ainda outras variáveis, como a taxa de juros de longo prazo (TJLP), cobrada nas linhas de crédito do governo, e o retorno das ações em relação ao Ibovespa. A escolha da Net ocorreu porque o autor queria selecionar uma empresa do setor de serviços, com ações negociadas na bolsa e integrante do Ibovespa. Segundo Espírito Santo, a decisão de avaliar os dados até 2007 se deve à crise de 2008, que elevou o custo de capital para todas as empresas e, portanto, poderiam distorcer o resultado. O estudo revela que, após aderir ao
A maré negra que atingiu desde o dia 20 de abril, a região do golfo do México e agora respinga sobre o CEO da petroleira britânica BP, antiga British Petroleum é um exemplo de como comunicação corporativa ainda é mal empregada em momentos de crise. O acidente na plataforma “Deepwater Horizon”, que explodiu a 80 km da costa dos Estados Unidos, provocando a pior catástrofe ambiental da história do país, matando 11 trabalhadores e prejudicando milhares de pessoas que perderam seus meios de vida depois do desastre, mostra como as empresas continuam a conviver com os autoenganos do “conosco nunca irá acontecer” ou então do “está tudo sob controle”. Pouco depois do vazamento, ainda no mês de abril, Hayward que é CEO da BP desde 2007, disse que o desastre teria um efeito ambiental limitado. No final de maio, com a catástrofe mais do que confirmada, Hayward afirmou que a situação estava sob controle. Já ontem, 17 de junho, Tony Hayward iniciou seu discurso no Congresso norte-americano pedindo desculpas. “Peço imensa desculpa pela explosão e pelo derrame. Ninguém sabe porque é que isto aconteceu, mas a BP vai fazer tudo o que está ao seu alcance para que um desastre destes não volte a se repetir”, afirmou. A lentidão no processo de gerenciamento de crise e a falta de transparência informacional com que a BP tem tratado o desastre só demonstram o despreparo de seus líderes empresariais diante de situações de crise. Estar preparada é estar constantemente se preparando e, principalmente, aprendendo com
O Governo Federal lançou no dia 11 de junho o programa “Jogando Limpo”, que prevê uma série de diretrizes e recomendações, para que os órgãos públicos e de controle fiscal, assim como os próprios cidadãos, possam identificar e denunciar tentativas de fraude contra as licitações de obras da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. A iniciativa criada pelos Ministérios da Justiça e dos Esportes enfatiza a criação de medidas de combate a cartéis e possíveis acordos entre empresas concorrentes para definir preços acima do mercado. “Os empresários podem estar entrando de acordo nos preços para disputar essas licitações. Precisamos combater isso. Temos que promover o fair play também nas licitações”, comentou o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, na cerimônia de lançamento do programa. “Jogar limpo é algo que se espera de um país que pretende ser sede de eventos desse porte”, acrescentou. Barreto disse que, entre 2007 e 2010, foram expedidos no Brasil 265 mandados de busca e apreensão para combater o crime de formação de cartéis. Segundo ele, no mesmo período, foram detidas preventivamente 100 pessoas pelo mesmo crime e atualmente são investigadas outras 251.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu no dia 10 de junho que a lei complementar n° 518 de 2009, mais conhecida como Ficha Limpa, passou a vigorar na data de sua publicação, devendo ser aplicada já nas eleições de 2010. Durante a sessão em plenário, a representante do Ministério Público Eleitoral, Sandra Cureau, destacou que o projeto de lei está intimamente ligado a insatisfação popular e vontade das pessoas de que se tenha, daqui pra frente, candidatos que os leve a crer e a confiar que serão pessoas capazes de cumprir o mandato sem se envolver em escândalos. Leia também: Ficha Limpa vira Lei Campanha Ficha Limpa: um salto na Governança do Estado Brasileiro
Um grupo de 35 companhias brasileiras, dentre elas, bancos, operadoras de telefonia, geradoras e distribuidoras de energia, mineradoras, indústrias de cimento, cosméticos, alimentos e petroquímica divulgará no dia 22 de junho quanto emitem de gases do efeito estufa. A iniciativa, inédita no país, inaugura mudanças na cultura e na gestão empresarial em prol de uma economia de baixo carbono, além de confirmar o atual peso das questões ambientais nas agendas de negócios brasileiros. De acordo com o estudo global da consultoria McKinsey, divulgado em fevereiro, mais de 50% dos executivos consideram a governança corporativa e a gestão ambiental e social muito ou extremamente importantes para o desenvolvimento de novos produtos, para a estratégia empresarial e para a imagem da companhia e suas marcas no mercado. Mas só 30% dizem buscar ativamente oportunidades para investir em sustentabilidade, incorporando-a, por exemplo, a suas práticas comerciais. Embora a sustentabilidade aplicada aos negócios ainda seja uma sustentabilidade modesta, os executivos compreendem cada vez mais que a mudança climática é real, precisa ser controlada e que o mundo dos negócios precisa atuar de forma mais consistente. Catástrofes naturais geram perdas econômicas incalculáveis e o aquecimento global, provocado pelo aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera favorece esse tipo de evento. Vários acionistas já exigem que as empresas informem, em seus relatórios de administração, os níveis empresariais de emissão de gases de efeito estufa. E é o que as empresas brasileiras já começam, por iniciativa própria, a correr atrás com a divulgação desse inventário de carbono.
Em reportagem “Os riscos da governança global”, o jornal Valor Econômico analisa o papel desempenhado por Brasil e Turquia no acordo nuclear com o Irã, revelando as insuficiências da velha governança, nascida após a Segunda Guerra, e a iminência de um novo cenário, onde atores médios ganham cada vez mais liderança em temas estratégicos. Apesar da reação dos EUA, o acordo com Teerã chamou a atenção para o provável fim do monopólio político das grandes potências e para uma nova configuração da geopolítica. “A crise econômica foi um divisor de águas da história e vemos com clareza que o mundo está se configurando de maneira diferente”, observa Felipe González, ex-presidente espanhol. Dominique Moisi, professor visitante da Universidade de Harvard, completa: “O longo período de dominação ocidental, encorajada e acelerada pelos próprios erros e comportamento irresponsável, está acabando”. Neste novo cenário mundial, países emergentes como Brasil, China e Índia terão um papel diplomático mais consistente em questões da governança global. O Deutsche Bank estima que as economias emergentes poderão ter um crescimento acumulado de 30% até 2012, comparado a apenas 5% nos países desenvolvidos – o que irá refletir nessa relação de forças. Segundo o diplomata e sociólogo Paulo Roberto de Almeida, o conceito de governança (e não governo) global tem a ver com a gestão partilhada de problemas comuns, como segurança e estabilidade (o controle de Estados belicosos e de movimentos terroristas), com o crescimento sustentado de países pobres (Estados falidos podem exportar a sua miséria) e com a preservação ambiental (desequilíbrios provocados
Nesta sexta-feira, dia 4 de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que proíbe a candidatura de políticos com condenação judicial por crimes graves. Agora, os tribunais superiores terão de decidir se a lei será aplicada nas eleições de 2010 e se ela valerá para candidatos que já foram condenados ou apenas para os que vierem a ser condenados. Governança Já! Leia também: Ficha limpa valera em 2010
Em entrevista ao Valor Econômico, o economista Eduardo Giannetti da Fonseca avalia a evolução do poder de barganha das empresas brasileiras no cenário internacional e a importância da governança corporativa para o crescimento do mercado de capitais. Confira, a seguir, a entrevista na íntegra: Empresas de grande porte fazem bem ao país, diz Giannetti Por Graziella Valenti, de São Paulo 01/06/2010 O economista Eduardo Giannetti da Fonseca acredita que é bom para o Brasil o crescimento do tamanho das companhias, que passam a ser atores importantes no cenário internacional. Para o especialista, professor do Insper e PhD em Economia pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, o risco de as sociedades se tornarem reféns de grupos gigantes pode ser controlado com a disciplina do próprio mercado, tanto testando a competitividade das empresas quanto exigindo maior transparência. Valor: Qual impacto econômico que a consolidação setorial e o “agigantamento” das companhias traz para o país? Eduardo Giannetti: É uma notícia bem-vinda, essa do crescimento do número de empresas de grande porte no Brasil. A consolidação de posições fortes de mercado não ocorre só no Brasil. É uma tendência mundial. Traz grandes ganhos de escala e a possibilidade de uma atuação mais presente num mundo globalizado, que exige porte para se tornar um ator relevante. O que me preocupa no Brasil é o desaparecimento da classe média das companhias. A gente não vê muita renovação no segmento das pequenas e médias com potencial de se tornarem grandes. Há um vácuo no segmento intermediário. Não se vê, por