O acidente na plataforma “Deepwater Horizon”, que explodiu a 80 km da costa dos Estados Unidos, provocando a pior catástrofe ambiental da história do país, matando 11 trabalhadores e prejudicando milhares de pessoas que perderam seus meios de vida depois do desastre, tem desencadeado uma onda de preocupação nos investidores quanto às questões ambientais, sociais e de governança das empresas.
Após o desastre, os papéis da BP já caíram 45%, o que equivale a uma perda de valor no mercado próximo a US$ 85 bilhões. Para piorar, a BP suspendeu os dividendos previstos para este ano, o que significa um sofrimento ainda maior para os acionistas.
Para Michael Passoff, diretor sênior do Programa de Responsabilidade Social Empresarial, da organização de defesa dos direitos dos acionistas As You Sow, em San Francisco, antes mesmo da explosão da plataforma da BP, as questões referentes à sustentabilidade ambiental já começavam a atrair maior atenção dos investidores. “Os investidores estão vendo que práticas ambientais influenciam seu resultado financeiro. Está começando a ser aceito de forma mais comum”, afirma.
Já Robert Graham, fundador da Jenner & Block, banca de advocacia especializada em legislação ambiental vê como exemplo dessa mudança de consciência a maior receptividade da Securities and Exchange Commission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) em exigir mais informações sobre várias questões relacionadas às mudanças climáticas.
No passado, os pedidos a favor da divulgação de riscos tendiam a ser vistos como hipotéticos. Com o desastre no Golfo do México, Graham prevê que os pedidos por essas informações tornem-se uma tendência predominante. “Essas questões são reais e esse desastre mostra dramaticamente como impactam as demonstrações financeiras de uma companhia”, diz.
É inevitável que as empresas sejam pressionadas pelos acionistas a revelar mais informações sobre práticas de segurança e que tipo de mecanismos à prova de falhas possuem para operações de alto risco, além de seus planos e perspectivas, de acordo com Graham.
As companhias terão de reconsiderar os contratos de seguros, para mensurar melhor quanto e que tipo de seguros precisam para cobrir riscos potenciais. Também precisarão calcular quanto dinheiro reservar para cobrir incidentes imprevistos que possam causar danos ambientais, afirma. Os acionistas também começarão a insistir em ter acesso aos históricos das empresas relacionados a questões de segurança, incluindo qualquer penalidade que tenham recebido de agências estaduais ou federais sobre suas operações.