Categoria: Governança Global

Estudo revela evolução da convergência contábil

Há praticamente três anos, o tema da convergência contábil é assunto no mundo corporativo brasileiro. Somente agora, porém, o resultado final desse processo irá acontecer com a apresentação, até o final de março, dos balanços referentes ao ano de 2010. A adoção dos padrões internacionais de contabilidade, estabelecidos pelo IFRS (Internacional Financial Reports Standards), depois de traduzidos, normatizados e interpretados no Brasil, é obrigatória para as companhias brasileiras. A adoção de padrões contábeis rigorosos consiste em um dos mais importantes valores da boa governança corporativa. E foi a razão mais forte de constituição do Comitê Cadbury, criado em 1991 pelo Reino Unido, um dos mais relevantes marcos da moderna governança e uma das bases mais sólidas de definição de códigos nacionais de melhores práticas. Nos mercados de capitais mais avançados quanto à adesão à boa governança, os padrões exigidos para as demonstrações financeiras seguem as normas internacionais de contabilidade, conhecidas pela sigla GAAP (generally accepted accounting principles). Acompanhando a evolução conceitual na área de finanças, as normas exigidas são promulgadas pelo International Accounting Standards Committee (IASC). Na década de 90, o foco para garantir a proteção dos investidores foi o rigor com que as normas contábeis eram aplicadas pelas empresas, motivando a criação, pelo Center for International Financial Analysis & Research, de um índice de qualidade dos padrões seguidos pelos países. Sua construção se baseia na existência de demonstrativos e relatórios financeiros de 90 itens considerados importantes para os investidores avaliarem o desempenho das companhias. Com a adoção do International Financial Reporting Standard

Modelo latino-americano de governança corporativa

Veja no quadro abaixo, a síntese do modelo latino-americano de governança corporativa. Comparação entre América Latina e Ásia Emergente (março de 2009) Modelo latino-americano: análise geral Progresso perceptível desde 2000, com muito ainda por fazer. Poucas empresas têm Conselho de Administração atuando de fato e de direito. As práticas de proteção a minoritários estão localizadas em alguns países, mas longe de atenderem às reais expectativas dos investidores. Crescimento do ativismo de investidores institucionais. Crescente evangelização do mercado. Sucesso Novo Mercado brasileiro – benchmarking regional. Códigos de boas práticas sugeridos e apadrinhados pelos órgãos reguladores. Leia também: Visão de cinco modelos de governança corporativa pelo mundo

Modelo japonês de governança corporativa

Veja no quadro abaixo, a síntese do modelo japonês de governança corporativa. Governança Corporativa atrasa o Japão por: não proporcionar a supervisão adequada da estratégia corporativa; proteger a gestão da disciplina do mercado; falhar em proporcionar os retornos necessários para proteger a rede de segurança social, o sistema de pensão do Japão. Questões-chave levantadas: Acionistas como proprietários – direitos dos acionistas precisam ser mais reconhecidos e protegidos; Utilização eficiente do capital – implementação de rigorosos controles financeiros e de negócios; Conselheiros externos independentes – necessidade da nomeação em curto prazo de pelo menos três independentes; Direito de preferência aos acionistas – deveriam ser introduzidos; Poison pills e take-overs defense: deveriam ser revogadas; Assembleias de acionistas e voto – deveriam ser transparentes, justas e divulgadas. Pontos nevrálgicos: Papel do Conselheiro independente versus Kansayaku auditores estatutários; Assembleia de Acionistas e votos – poder e autoridade dos acionistas na decisão de assuntos corporativos e passividade em relação aos seus direitos quanto a dividendos, políticas de Conselho e take-overs; Poison Pills crescente; Keiretsu – participação cruzada – ressurgimento; Diálogo – Companhia versus Investor. Leia também: Visão de cinco modelos de governança corporativa pelo mundo

Modelo anglo-saxão de governança corporativa

Veja no quadro abaixo, a síntese do modelo anglo-saxão de governança corporativa. Foco: pré-crise financeira Pré-crise: rigidez e custo alto de implementação da Sox para as empresas abertas; perda de competitividade da bolsa de Nova York para a bolsa de Londres. Causas da crise: Risk Metrics Group 38% falta de transparência dos gestores; 29% política de remuneração dos executivos focando o curto prazo; 22% falta de visão estratégica do Conselho de Administração; ineficiência na gestão de risco. Foco: pós-crise financeira Focos de discussão atuais: S&P 500 Leia também: Visão de cinco modelos de governança corporativa pelo mundo  

Visão de cinco modelos de governança corporativa pelo mundo

Veja no quadro abaixo, a síntese dos cinco modelos de governança corporativa pelo mundo.   Modelo anglo-saxão Veja no quadro abaixo, a síntese do modelo anglo-saxão de governança corporativa. Foco: pré-crise financeira Pré-crise: rigidez e custo alto de implementação da Sox para as empresas abertas; perda de competitividade da bolsa de Nova York para a bolsa de Londres. Causas da crise: Risk Metrics Group 38% falta de transparência dos gestores; 29% política de remuneração dos executivos focando o curto prazo; 22% falta de visão estratégica do Conselho de Administração; ineficiência na gestão de risco. Foco: pós-crise financeira Focos de discussão atuais: S&P 500 Modelo alemão Veja no quadro abaixo, a síntese do modelo alemão de governança corporativa.   Modelo japonês Veja no quadro abaixo, a síntese do modelo japonês de governança corporativa. Governança Corporativa atrasa o Japão por: não proporcionar a supervisão adequada da estratégia corporativa; proteger a gestão da disciplina do mercado; falhar em proporcionar os retornos necessários para proteger a rede de segurança social, o sistema de pensão do Japão. Questões-chave levantadas: Acionistas como proprietários – direitos dos acionistas precisam ser mais reconhecidos e protegidos; Utilização eficiente do capital – implementação de rigorosos controles financeiros e de negócios; Conselheiros externos independentes – necessidade da nomeação em curto prazo de pelo menos três independentes; Direito de preferência aos acionistas – deveriam ser introduzidos; Poison pills e take-overs defense: deveriam ser revogadas; Assembleias de acionistas e voto – deveriam ser transparentes, justas e divulgadas. Pontos nevrálgicos: Papel do Conselheiro independente versus Kansayaku auditores

Reunião do G20 reflete a dificuldade da governança global em conciliar objetivos nacionais em um mundo multipolar

Comunicado final da cúpula do G20, que encerrou dia 27 de junho, revela a ausência de articulação entre os representantes das principais economias do planeta para definir os passos necessários para assegurar a continuidade do crescimento global. Ainda que seus representantes tenham tentado manter as aparências, não conseguiram deixar de passar a impressão de que será difícil manter o mesmo grau de coordenação entre os países. Os cálculos políticos são feitos em âmbito nacional e as nações têm perspectivas distintas sobre como a economia mundial deveria funcionar. A atual governança global, ao que tudo indica, parece ainda não estar pronta para dar conta desses novos desafios. Por ora, o G20 é o primeiro passo de um longo e difícil caminho em direção a uma nova governança. Leia também: Sem acordo global na Conferência do Clima (COP-15), empresas brasileiras anunciam metas próprias para reduzir carbono

Sem acordo global na Conferência do Clima (COP-15), empresas brasileiras anunciam metas próprias para reduzir carbono

Um grupo de 35 companhias brasileiras, dentre elas, bancos, operadoras de telefonia, geradoras e distribuidoras de energia, mineradoras, indústrias de cimento, cosméticos, alimentos e petroquímica divulgará no dia 22 de junho quanto emitem de gases do efeito estufa. A iniciativa, inédita no país, inaugura mudanças na cultura e na gestão empresarial em prol de uma economia de baixo carbono, além de confirmar o atual peso das questões ambientais nas agendas de negócios brasileiros. De acordo com o estudo global da consultoria McKinsey, divulgado em fevereiro, mais de 50% dos executivos consideram a governança corporativa e a gestão ambiental e social muito ou extremamente importantes para o desenvolvimento de novos produtos, para a estratégia empresarial e para a imagem da companhia e suas marcas no mercado. Mas só 30% dizem buscar ativamente oportunidades para investir em sustentabilidade, incorporando-a, por exemplo, a suas práticas comerciais. Embora a sustentabilidade aplicada aos negócios ainda seja uma sustentabilidade modesta, os executivos compreendem cada vez mais que a mudança climática é real, precisa ser controlada e que o mundo dos negócios precisa atuar de forma mais consistente. Catástrofes naturais geram perdas econômicas incalculáveis e o aquecimento global, provocado pelo aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera favorece esse tipo de evento. Vários acionistas já exigem que as empresas informem, em seus relatórios de administração, os níveis empresariais de emissão de gases de efeito estufa. E é o que as empresas brasileiras já começam, por iniciativa própria, a correr atrás com a divulgação desse inventário de carbono.

Ação de atores médios em temas estratégicos desperta cada vez mais a atenção internacional

Em reportagem “Os riscos da governança global”, o jornal Valor Econômico analisa o papel desempenhado por Brasil e Turquia no acordo nuclear com o Irã, revelando as insuficiências da velha governança, nascida após a Segunda Guerra, e a iminência de um novo cenário, onde atores médios ganham cada vez mais liderança em temas estratégicos. Apesar da reação dos EUA, o acordo com Teerã chamou a atenção para o provável fim do monopólio político das grandes potências e para uma nova configuração da geopolítica. “A crise econômica foi um divisor de águas da história e vemos com clareza que o mundo está se configurando de maneira diferente”, observa Felipe González, ex-presidente espanhol. Dominique Moisi, professor visitante da Universidade de Harvard, completa: “O longo período de dominação ocidental, encorajada e acelerada pelos próprios erros e comportamento irresponsável, está acabando”. Neste novo cenário mundial, países emergentes como Brasil, China e Índia terão um papel diplomático mais consistente em questões da governança global. O Deutsche Bank estima que as economias emergentes poderão ter um crescimento acumulado de 30% até 2012, comparado a apenas 5% nos países desenvolvidos – o que irá refletir nessa relação de forças. Segundo o diplomata e sociólogo Paulo Roberto de Almeida, o conceito de governança (e não governo) global tem a ver com a gestão partilhada de problemas comuns, como segurança e estabilidade (o controle de Estados belicosos e de movimentos terroristas), com o crescimento sustentado de países pobres (Estados falidos podem exportar a sua miséria) e com a preservação ambiental (desequilíbrios provocados